quarta-feira, abril 05, 2006

FOMOS INTIMOS NA NOITE PASSADA, NO DIA SEGUINTE, ÉRAMOS APENAS ESTRANHOS



Blues Bar

Estava na sacada de meu apartamento fumando o último cigarro do meu maço. Fez frio nessa tarde, a chuva que caiu castigou a cidade e o vento frio era o seu vestígio. Ponderava sobre tua estada em minha casa, o perfume do teu cabelo ainda estava em minha roupa. É vicio meu idealizar-te.
Desci para tomar um café, ainda sentia o impacto do uísque tomado contigo. Só uma xícara para retomar as forças, passo na taverna. Compro um vinho. Soa romântico, surreal, boa idéia convidá-la.
Coloco o vinho na mesa junto com o queijo que comprei, vou para o telefone e procuro seu número em meio a tantos outros papeizinhos com nomes que mal lembro. Meu celular toca. É o Fernando de novo, lembrei que ele queria me levar pra conhecer aquele bar novo. Lá toca blues e jazz, e o ambiente é bem retrô – “Agora não cara, me liga depois, to ocupado” – Liguei pra ela, porém, apenas chamava.
Aquela sensação escrota me ataca novamente, já liguei três vezes e nada, sinto ela não querer atender, não posso ligar de novo. Não posso e não devo.
Retorno a ligação do Fernando, aceito a proposta de irmos ao Bar, pelo menos umas cervejas vão afastar o ligeiro desanimo. Na arrumação, aproveitei e tomei metade da garrafa, o queijo fica pra de manhã, vai rechear meu pão no desjejum.
No caminho encontramos o Mesquita, ele toma conosco o itinerário. Ligamos para o Thiago e o encontramos já no bar. O ambiente é convidativo, moças de curvas sinuosas, seus rostos apresentavam suas posições.
No caminho, Mesquita vai dizendo que blues é musica de corno, enchendo o saco como sempre, ele não sabe a essência do blues. “Foda-se Mesquista, corno é quem procura saber, cadê tua namorada há uma hora dessas?” – esbravejo querendo gargalhar.
Em meio a um solo de guitarra e um gole de cerveja, de longe a vejo, balançando seus belos cabelos negros e dançando de maneira invejável. Ela sabe que fascina, ela sabe que emana desejo. Uma gota de cerveja escorre de meu lábio, preciso ir até ela.
Aos poucos vou me esgueirando entre as pessoas, meio penso, vou trocar uma idéia com ela. Ela me reconhece, tomamos uma bebida, mas o jeito não é mais o mesmo, sinto uma certa indiferença de sua parte, logo vejo, está acompanhada. O cara é um daqueles hippies, metido a intelectual beatnik, será que ele tomou banho hoje?
No despedimos, minha frustração logo passa quando começam a tocar uma música que gosto, compro mais uma cerveja, no primeiro gole vejo um rosto bonito, o pessoal já ta se divertindo muito na mesa, vou ao se encontro, puxo conversa, logo estamos íntimos, lembro daquela moça... qual era o nome dela mesmo?

Alex Corvis
30.03.2006 – 21:35

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Viva Charles Bukowski!
Sorte no novo Verso.. beijos!

7:03 PM  
Anonymous Anônimo said...

Tão perfeita a descrição que pude ver cada detalhe, cada local, cada sentimento...
Espero ansiosa pela próxima aventura ;)

5:26 PM  

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