segunda-feira, maio 08, 2006

QUANDO PENSAVA QUE ESTAVA A TE ESQUECER, APARECIAS EM ALGUM SONHO MEU, COM TODA FORÇA, PERDIA O SONO NA MADRUGADA.






Bem Galera, depois de um tempo sumido, acontece que faltava-me inspiração pra escrever um novo conto ou poema, faltava o desalento de um amor não correspondido ou coisa do genero, bem, o conto novo originou-se um sonho que tive e fiz esse conto às cinco da manhã de domingo. Espero que vocês gostem, e quem não gostar, que se foda, não se pode agradar a todas as vertentes. Esse blogger é não linear, é cheio de nuances que nos fazem viajar ao beber um bom copo de vinho. Até o próximo verso !!!!
foto: Charles Bukowsky

Sonho Alheio


“Toda minha vida tem sido de passividade e de Sonho” – Fernando Pessoa


Te colocava contra parede sem ao menos reagires. Ao beijar-te sentia teu suspiro de alguém querendo mais. Tentava compreender a situação, como poderias estar ali comigo, se o destino sempre nos separava? Bem, não importava, que o momento fosse nosso.
Não me atrevia a arriscar em estragar o momento. Nada de juras de amor, nada de desejos futuros, eu já não dominava a situação, aliás, nunca dominara. Pensava apenas no desejo quente dos seus lábios.
A fraca luz iluminava apenas o necessário, já bastava. Podia ver seus contornos, seu suor se misturando ao meu, impossível desvencilhar-me de seus enlaces, nem queria.
Prazeroso que fosse sentia-me um invasor no cômodo em que estávamos. Também não importava a sensação de perigo e de invasão davam algo a mais em nossos toques. Aproveitaria o quanto pudesse, assim foi por toda noite.
Ainda não amanhecera, mas o barulho da cidade já anunciava que a madrugada estava chegando ao fim, mas já me encontrara sozinho na cama desarrumada e o som tímido de uma porta se fechando sorrateiramente confirmavam minha solidão.
Pensei, mas não tentei impedi-la, não adiantaria, não me prestaria a receber uma resposta fugidia. Apenas fechei meus olhos cansados e voltei a dormir.
Um facho de luz impertinente me acorda. Era hora de voltar à rotina do dia-dia. Abro a janela, vejo pessoas no vai e vem da sobrevivência, não me surpreendo mais em saber que faço parte deste maquinário vicioso.
Visto meu terno e desço as escadas até chegar à rua. Mais um café da manhã fora de casa. Junto-me às pessoas para ser também um desconhecido, uma peça. Nutrido pela sensação de ter estado em um sonho que não era meu. Alheio ao que tanto busco.




Belém, 06/05/2006 05:30H

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Ah ! Alex me sinto dentro desse seu conto, tão envolvente, tão real como quase tudo que tenho vivido em minha existência. Leio e releio e me identifico. Magnifico !!!

6:17 PM  

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